quinta-feira, 11 de junho de 2009

Pensemos

Está na hora de acabar com individualismos mesquinhos. Vivemos numa época de miséria intelectual em que numerosos muros se erigem por todo o lado ao pensamento, a começar pelos mais intransponíveis de todos: as múltiplas e incógnitas barreiras da nossa falsa consciência. Enganem-se aqueles que pensam que o necessário hoje em dia é o recolhimento numa suposta intimidade egótica. Pelo contrário, esse é o sentido que nos é imposto hoje em dia pelas subtis forças da alienação; são elas que nos vendem gato por lebre - quando pensamos que nos instalamos na simplicidade, é a pequenez que nos acolhe com um fulgor jamais visto em parte alguma. Essa pequenez cumpre um vasto propósito que dissimuladamente se imiscui cada vez mais e mais por entre recônditos e inauditos espaços da nossa constituição, até que a potência de vida por nós reservada a um puro deleite narcísico entre plenamente no fluxo do capital e se torne mais um stock entre outros, disposto como que em prateleiras de uma "grande superfície" para o livre usufruto do poder.

É urgente não agir, mas pensar em conjunto. O espaço do agir imediato torna-se mais apertado e sufocante a cada dia que passa; a necessidade que longiquamente emerge no horizonte é a de um pensamento capaz de se situar livremente face às demandas de um mundo que prefiguramos surgir diante de nós a uma velocidade crescente. Um mundo populado por novas formas de coacção e constrangimento cada vez mais subtis, actuando em diversos planos da nossa existência. O materialismo dos nossos avós produziu uma forte e poderosa muralha à nossa volta, mas aproximamo-nos hoje do momento em que as fissuras na muralha serão numerosas o suficiente para que a sua ruína seja efectiva e nos deixe desamparados e indefesos perante influências de toda a espécie, sem uma linguagem que ilumine a escuridão dessoutra face da terra.

Ergamos a tocha do pensamento e deixemo-la iluminar os nossos passos, se um de nós cair o outro estará lá para o levantar.